Mais do que uma simples dieta para emagrecimento ou cuidar de alguma doença, a reeducação alimentar é um dodo diferente de encarar a alimentação. Seja para emagrecer, ter um rendimento maior no esporte ou melhorar a saúde, comer bem é sempre uma importante decisão, essencial em qualquer fase da vida.
É uma mudança que vai trazer benefícios não só para o corpo, mas também para a mente, para a disposição – por isso exige uma mudança de atitude. Mudar hábitos nem sempre é fácil, mas importante é lembrar que os resultados valem a pena e que com o tempo, o que era desafio torna-se parte do cotidiano.
Motivação
Tire a dieta da sua lista de prioridades e a substitua por reeducação alimentar. Para quem não entende bem a diferença entre uma e outra, a principal talvez seja o fato de a dieta ser normalmente algo temporário, que você faz com um objetivo restrito, muitas vezes com data para começar e terminar. Reeducação alimentar constitui uma mudança de hábitos que, sendo positiva, pode continuar para toda a vida, passando por adaptações de acordo com as necessidades que surgem. É uma atitude de quem realmente busca um avida mais saudável.
Essa iniciativa, que a princípio parece difícil, torna-se mais fácil quando a pessoa descobre a verdadeira motivação para isso. “Apalavra-chave para fazer funcionar é apropriação. Você se apropria daquele tipo de alimentação que faz sentido na sua vida. Com essa apropriação, passa a ver as coisas de forma diferente”, explica a psicóloga Lilian Yañez Ribeiro da Silva. Ela ressalta que é diferente de uma dieta em que a pessoa recebe um cardápio que terá que seguir para emagrecer, por exemplo. “Ninguém vai comer torrada com chá a vida toda. Por isso a reeducação alimentar é mais interessante.”
Lilian afirma que reeducação alimentar implica a pessoa entender o que está aprendendo – e não uma dieta para perder simplesmente. “Quando aprendemos, aquilo passa a fazer sentido até se tornar um hábito. Quando não faz sentido, continuamos cometendo os mesmos erros.”
Por isso, a psicóloga recomenda antes de começar uma reeducação alimentar, buscar um sentido, se questionar sobre o que está procurando. “A pessoa deve se perguntar o 'para que' de fazer a mudança. Essa resposta vai dar um sentido ao ato. Se não encontrar esse sentido, não terá estímulo. Se achar haverá vários estímulos.”
Mudança interna
Essa busca da motivação que Lilian comenta é a indicação de uma mudança interna que deve surgir antes da decisão de fazer alterações na alimentação. “De que vai adiantar ser uma magra que odeia tudo o que come e ficar infeliz? Ninguém quer passar a vida comendo o que não gosta para ser magra.”
Por isso, quem busca uma dieta só para emagrecer tem dificuldades em continuar, porque no meio do caminho os objetivos perdem o sentido. “É muito mais uma mudança interna.”
A motivação também fica pelo caminho quando a mudança acontece porque a sociedade, o marido ou a esposa cobra uma atitude. “É difícil quando a pessoa tem que agir de uma forma que ela não acredita. Não existe o sentido”, comenta Lilian. “Se acontece assim, a pessoa vai começar uma dieta na segunda-feira e na quarta-feira já parou. Ou vai fazer por um bom tempo, seguindo a recomendação médica e quando o médico sair da vida dela, volta tudo como era antes. Até quem decide fazer uma cirurgia de redução de estômago não vai conseguir manter os resultados se não praticar o aprendizado da reeducação alimentar”.
Essa consciência dos objetivos que levam à reeducação alimentar deve ser levada em conta em toda situação, seja para quem quer emagrecer ou quem precisa mudar seus hábitos alimentares por causa de uma doença. Nesse sentido, Lilian lembra que se a pessoa se apropriar do fato de que está com a doença e que terá problemas se não mudar a alimentação, vai mudar para ter saúde. “Se só cumprir a indicação para dar resultado para o médico, acaba abandonando.”
Obstáculos
Entre os obstáculos enfrentados por quem quer provocar uma mudança nos hábitos alimentares estão a questão cultural e as dificuldades individuais, que devem ser enfrentadas antes para que a proposta de reeducação funcione.
“Uma pessoa ansiosa, que tenha a característica de comer muito, terá dificuldades de acompanhar uma dieta se não trabalhar a ansiedade”, afirma a psicóloga. “Às vezes tem que trabalhar uma coisa antes para fazer a outra. Uma pessoa compulsiva, por exemplo, não vai conseguir se não trabalhar a compulsão.”
Outra grande dificuldade que Lilian enumera nesses casos é a influência da família. “Imagina uma pessoa que tem diabetes em uma família que come muitos doces”, exemplifica. “Para quem mora sozinho é mais fácil. O hábito alimentar de quem mora com outras pessoas precisa ser uma coisa vivenciada conjuntamente.”
Na questão cultural, ela ressalta o fato de as pessoas terem em sua memória ancestral a necessidade de se alimentar muito. Comer, comer para poder crescer como diz a canção. Quando na realidade precisamos apenas aprender como e o que comer ao invés de comer de mais. “Reeducar é mais difícil do que aprender pela primeira vez. Por isso, primeiro a pessoa deve se questionar se quer mesmo mudar. Se tem dúvidas, ainda não se reeducou. Ainda não é a hora”, reforça a psicóloga, avisando que cada pessoa deve estipular quando vai começar essa reeducação. “Até se tornar um hábito, terá que se obrigar a fazer. Não uma obrigação penosa, mas uma obrigação com sentido, dizendo por exemplo, eu tenho que acordar de manhã, tomar suco e fazer caminhada. Vai entrar como obrigação para depois virar um hábito saudável.”
Outra dica de Liliam é não deixar para começar na segunda-feira. “Não adianta se cuidar no verão e se acabar de comer no inverno. Deixar para a segunda-feira é uma furada”, brinca. “Eu gosto de usar o questionamento: 'você viveria por toda a eternidade exatamente como vive hoje?' Se a resposta é afirmativa é porque está satisfeito. Se não viveria, o melhor é começar hoje a mudança.”
(Literalmente a Verdade) e (Eventos Finais)
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Reeducação Alimentar - 1º Parte
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