A última matéria deste penúltimo período de aulas do meu mestrado em Teologia é “Exegese de Hebreus” (agora faltam apenas as últimas matérias em 2010 e a dissertação). O mais fascinante em se estudar a Bíblia é que o conteúdo das aulas é mais que acadêmico – é pura inspiração! O livro bíblico de Hebreus, convincentemente atribuído a Paulo, assemelha-se mais a um sermão exortativo que a uma carta. Foi endereçado muito provavelmente a cristãos judeus que corriam o risco de desanimar em sua jornada e perder a fé. A semelhança com a situação de muitos cristãos nos dias de hoje não deve ser mera coincidência e, por isso mesmo, esse tremendo sermão de Paulo é mais atual do que nunca – como toda a mensagem bíblica, aliás.
Ao longo do livro, Paulo intercala quatro exposições teológicas com quatro exortações. Ele fala sobre o perigo de os leitores se desviarem ou negligenciarem o que aprenderam, de endurecerem o coração pelo engano ou pelos prazeres do pecado, de se rebelarem por deixar de considerar a herança prometida, de se tornarem “tardios em ouvir” e de negligenciarem a bênção de se reunir com outros cristãos. Em resumo, com o sermão de Hebreus, o apóstolo procura reanimar cristãos à beira da fraqueza espiritual, assediados pelas tentações da idolatria, da imoralidade, do amor ao dinheiro e dos falsos ensinamentos.
Na página 10 do livro A Luz de Hebreus (Unaspress), organizado por Frank Holbrook e indicado como uma das leituras para a matéria do mestrado, há a seguinte constatação: “A mesma mensagem que o inspirado autor de Hebreus transmitiu a seus leitores do primeiro século é novamente necessária nos últimos anos da história humana. Os cristãos dos últimos tempos, exaustos, de um lado pela fartura, e distraídos, de outro, devido às muitas preocupações, correm o risco de perder a fé enquanto esperam pela volta do Senhor. Há necessidade de se olhar novamente para o Cristo vivo, ou sumo sacerdote, no trono de Deus.”
Assim, o livro editado por Holbrook (que também é autor do ótimo O Sacerdócio Expiatório de Jesus Cristo, publicado pela CPB) ajuda a pontuar o propósito do livro/sermão paulino – propósito esse, como já disse, válido tanto para os cristãos do primeiro século quanto para os de hoje: devemos olhar para além do cansaço, do aparente atraso da volta de Jesus (Hb 10:37; 9:28), da oposição (que vai aumentar mais e mais) e focalizar os privilégios e as bênção de pertencer à comunidade cristã, de maneira a perseverar na fidelidade para alcançar a promessa da herança.
Aceite o apelo/desafio de Paulo. Creia em Jesus. Experimente o Cristo vivo e Seu caminho superior. Ele oferece uma vida plena aqui e a vida eterna logo adiante. Não é hora de desanimar, de perder a fé, de olhar para trás, de ser envolvido e cegado pelas luzes ofuscantes deste mundo. O mesmo Cristo que hoje intercede por nós no santuário celestial, tendo há dois mil anos derramado Seu sangue na maior demonstração do amor de Deus, logo virá para buscar aqueles que aceitaram Seu bondoso oferecimento de salvação, cujos méritos conquistados na cruz do Calvário nos são oferecidos gratuitamente.
Mais: Paulo não fala de uma fé vazia. Pelo contrário, ele a ancora em fatos objetivos: a divindade real de Jesus, a humanidade real dEle, um sacerdócio real e um ministério real num santuário real.
Hebreus tem muito mais a dizer para aqueles que o leem de coração e mente abertos. Que tal abrir sua Bíblia, fazer uma oração sincera e mergulhar no sermão de Paulo, como estou fazendo mais uma vez nesta semana? Isso poderá representar a cura para o desânimo, o conforto pela certeza de que Jesus nos ajuda continuamente – e neste exato momento – e a convicção de que, ainda que pareça demorar, logo Ele voltará!
Michelson Borges
(Criacionismo)
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