Stephen Jay Gould (1941-2002) foi um conceituado paleontólogo evolucionista americano e um dos maiores críticos do gradualismo, uma das premissas fundamentais dos neodarwinistas. Com a sua tese de "equilíbrio pontuado" (explosões evolutivas em períodos relativamente curtos de tempo, em populações isoladas, contrabalançados por períodos mais longos, de relativa estabilidade evolucionária), causou um certo frenesi no meio acadêmico. Gould é lembrado como um dos maiores popularizadores da ciência, dentre os de sua geração. Escrevia sobre ciência e seu impacto na sociedade atual. Escreveu inúmeros artigos sobre sua principal tese, o equilíbrio pontuado, e livros em que mostrava os pontos fracos do darwinismo clássico. Gould não professava qualquer tipo de religião, proclamava-se evolucionista e, aberta e corajosamente, escreveu sobre um assunto que ainda é tido por "inconveniente" para os mais ferrenhos defensores do darwinismo: o comprometimento que Darwin tinha com a filosofia natural (materialista) de seus dias. No seu livro Darwin e os Grandes Enigmas da Vida, Gould escreve:
"Dois extraordinários livros de anotações de Darwin podem conter a resposta para texto e comentários mais extensos. (...) Os chamados M e N notebooks foram escritos em 1838 e 1839, enquanto Darwin reunia as notas que formariam a base para seus ensaios de 1842 e 1844. Neles se acham os pensamentos de Darwin sobre filosofia, estética, psicologia e antropologia.
"Ao relê-los, em 1856, Darwin classificou-os como 'cheios de metafísicas sobre a moral'. Muitas de suas declarações mostram que esposava mas temia expor princípios de algo que sabia ser muito mais herético que a própria evolução: o materialismo filosófico — o postulado de que a matéria é tudo na existência e de que todos os fenômenos mentais e espirituais são subprodutos dela. Nenhuma noção poderia ser mais inquietante para as arraigadas convicções do pensamento ocidental do que a declaração de que a mente — por mais complexa e poderosa que seja — é um simples produto do cérebro. (...)
"As notas provam que Darwin se interessava por filosofia e que estava ciente de suas implicações. Sabia que a principal característica a distinguir sua teoria de todas as outras doutrinas evolucionistas era seu inflexível materialismo filosófico. Outros evolucionistas falavam em força vital, dirigismo histórico, luta orgânica, e na irredutibilidade essencial da mente — uma armadura de conceitos que a cristandade tradicional podia aceitar como meio-termo, já que permitia a um Deus cristão trabalhar pela evolução, e não pela criação. Darwin falava apenas em variação ao acaso e seleção natural.
"Nas notas, Darwin aplicou resolutamente seu materialismo à teoria da evolução de todos os fenômenos da vida, inclusive ao que ele próprio chamou de 'a própria cidadela' — a mente humana. (...)
"Essa crença era tão herética que Darwin chegou a contorná-la em The Origin of Species (A Origem das Espécies, 1859), onde aventurou-se apenas ao crítico comentário de que 'a origem do homem e sua história será esclarecida'. Só trouxe suas crenças à luz quando não pode escondê-las mais, em Descent of Man (A Descendência do Homem, 1871) e em The Expression of the Emotions in Man and Animais (A Expressão das Emoções em Homens e Animais, 1872). Alfred Rusell Wallace, o co-descobridor da seleção natural, nunca foi capaz de aplicá-la à mente humana, por ele considerada como a única contribuição divina à história da vida. Darwin, entretanto, transpôs 2000 anos de filosofia e religião no mais extraordinário epigrama do chamado M notebook..." (Editora Martins Fontes, p. 14. Fonte: Bio Gênesis).
Essa "aplicação do materialismo filosófico à perspectiva empírica de Darwin" é uma espécie de "pedra no sapato" dos resolutos defensores da teoria da evolução, pois, quanto menos "filosófica" a mesma for, para muitos, será ("automaticamente") mais empírica. Uma coisa nada tem a ver com a outra, mas tal ideal ainda permeia a mente de muitos cientistas. Qualquer teoria pode ter uma forte consistência empírica e ser completamente contraintuitiva, como é o caso da Relatividade Geral e Restrita. Adequar o que vivenciamos no mundo sensível a quaisquer perspectivas filosóficas é uma escolha deliberada nossa: um não "manda" no outro, embora os padrões básicos daquilo que se chama "ciência" seja algo nascido da Filosofia. O método científico (já estipulado por Galileu) passou pelo refinamento necessário por Popper, que acrescentou a característica da falseabilidade nos paradigmas científicos. Para ser científico, portanto, algo precisa ser falseável. Para ser falseável, por sua vez, precisa ser repetido e passar por testes (a priori) rigorosos, como a previsibilidade de resultados associados aos testes. Essas características fundamentais da ciência empírica NÃO são observadas na teoria da evolução (ao menos não foram quando esta foi estipulada, no século 19). Ainda não é hoje. A evolução não "prevê" nada, e, de todos os exemplos naturais (mesmo os mais contraintuitivos) retira um "quê" de evolucionismo, chegando ao absurdo de ser aplicada até em explicações de formações de planetas, sistemas solares e galáxias. É óbvio, portanto, que a crítica filosófica à teoria da evolução deveria surgir, e surgiu, de expoentes de dentro e de fora do meio das ciências naturais. Creio ser inegável o fato de que o pensamento naturalista (filosófico) direcionou (se não todo, ao menos parte) do trabalho de Darwin, tornando suas conclusões inelutavelmente filosóficas... E "filosofia" não se "prova", prezado leitor, se aplica ou não (contradiz-se ou não). Assim, por ter os auspícios de um pensamento que está acima da própria ciência (observe se não exatamente assim que tratam a teoria evolucionista), a TE torna-se incriticável, uma verdade aceita, premente, imune a quaisquer tipos de análises críticas... e já venho chamando a atenção há tempos sobre isso. Somente os darwinistas não veem que, em todo o seu afã anticriacionista, tornaram-se os maiores baluartes do paradigma que eles mesmos dizem abominar - aqueles que possuem uma "fé cega".
(Blog do pastor Artur Eduardo)
Nota: É bom lembrar também a nova estratégia adotada pelos darwinistas: Darwin e as religiões são compatíveis e somente os "fundamentalistas" é que não aceitam isso. Mas Darwin disse que se a teoria dele precisasse de "ajuda externa" (leia-se Deus), sua teoria seria "refugo".
(Criacionismo)
"Dois extraordinários livros de anotações de Darwin podem conter a resposta para texto e comentários mais extensos. (...) Os chamados M e N notebooks foram escritos em 1838 e 1839, enquanto Darwin reunia as notas que formariam a base para seus ensaios de 1842 e 1844. Neles se acham os pensamentos de Darwin sobre filosofia, estética, psicologia e antropologia.
"Ao relê-los, em 1856, Darwin classificou-os como 'cheios de metafísicas sobre a moral'. Muitas de suas declarações mostram que esposava mas temia expor princípios de algo que sabia ser muito mais herético que a própria evolução: o materialismo filosófico — o postulado de que a matéria é tudo na existência e de que todos os fenômenos mentais e espirituais são subprodutos dela. Nenhuma noção poderia ser mais inquietante para as arraigadas convicções do pensamento ocidental do que a declaração de que a mente — por mais complexa e poderosa que seja — é um simples produto do cérebro. (...)
"As notas provam que Darwin se interessava por filosofia e que estava ciente de suas implicações. Sabia que a principal característica a distinguir sua teoria de todas as outras doutrinas evolucionistas era seu inflexível materialismo filosófico. Outros evolucionistas falavam em força vital, dirigismo histórico, luta orgânica, e na irredutibilidade essencial da mente — uma armadura de conceitos que a cristandade tradicional podia aceitar como meio-termo, já que permitia a um Deus cristão trabalhar pela evolução, e não pela criação. Darwin falava apenas em variação ao acaso e seleção natural.
"Nas notas, Darwin aplicou resolutamente seu materialismo à teoria da evolução de todos os fenômenos da vida, inclusive ao que ele próprio chamou de 'a própria cidadela' — a mente humana. (...)
"Essa crença era tão herética que Darwin chegou a contorná-la em The Origin of Species (A Origem das Espécies, 1859), onde aventurou-se apenas ao crítico comentário de que 'a origem do homem e sua história será esclarecida'. Só trouxe suas crenças à luz quando não pode escondê-las mais, em Descent of Man (A Descendência do Homem, 1871) e em The Expression of the Emotions in Man and Animais (A Expressão das Emoções em Homens e Animais, 1872). Alfred Rusell Wallace, o co-descobridor da seleção natural, nunca foi capaz de aplicá-la à mente humana, por ele considerada como a única contribuição divina à história da vida. Darwin, entretanto, transpôs 2000 anos de filosofia e religião no mais extraordinário epigrama do chamado M notebook..." (Editora Martins Fontes, p. 14. Fonte: Bio Gênesis).
Essa "aplicação do materialismo filosófico à perspectiva empírica de Darwin" é uma espécie de "pedra no sapato" dos resolutos defensores da teoria da evolução, pois, quanto menos "filosófica" a mesma for, para muitos, será ("automaticamente") mais empírica. Uma coisa nada tem a ver com a outra, mas tal ideal ainda permeia a mente de muitos cientistas. Qualquer teoria pode ter uma forte consistência empírica e ser completamente contraintuitiva, como é o caso da Relatividade Geral e Restrita. Adequar o que vivenciamos no mundo sensível a quaisquer perspectivas filosóficas é uma escolha deliberada nossa: um não "manda" no outro, embora os padrões básicos daquilo que se chama "ciência" seja algo nascido da Filosofia. O método científico (já estipulado por Galileu) passou pelo refinamento necessário por Popper, que acrescentou a característica da falseabilidade nos paradigmas científicos. Para ser científico, portanto, algo precisa ser falseável. Para ser falseável, por sua vez, precisa ser repetido e passar por testes (a priori) rigorosos, como a previsibilidade de resultados associados aos testes. Essas características fundamentais da ciência empírica NÃO são observadas na teoria da evolução (ao menos não foram quando esta foi estipulada, no século 19). Ainda não é hoje. A evolução não "prevê" nada, e, de todos os exemplos naturais (mesmo os mais contraintuitivos) retira um "quê" de evolucionismo, chegando ao absurdo de ser aplicada até em explicações de formações de planetas, sistemas solares e galáxias. É óbvio, portanto, que a crítica filosófica à teoria da evolução deveria surgir, e surgiu, de expoentes de dentro e de fora do meio das ciências naturais. Creio ser inegável o fato de que o pensamento naturalista (filosófico) direcionou (se não todo, ao menos parte) do trabalho de Darwin, tornando suas conclusões inelutavelmente filosóficas... E "filosofia" não se "prova", prezado leitor, se aplica ou não (contradiz-se ou não). Assim, por ter os auspícios de um pensamento que está acima da própria ciência (observe se não exatamente assim que tratam a teoria evolucionista), a TE torna-se incriticável, uma verdade aceita, premente, imune a quaisquer tipos de análises críticas... e já venho chamando a atenção há tempos sobre isso. Somente os darwinistas não veem que, em todo o seu afã anticriacionista, tornaram-se os maiores baluartes do paradigma que eles mesmos dizem abominar - aqueles que possuem uma "fé cega".
(Blog do pastor Artur Eduardo)
Nota: É bom lembrar também a nova estratégia adotada pelos darwinistas: Darwin e as religiões são compatíveis e somente os "fundamentalistas" é que não aceitam isso. Mas Darwin disse que se a teoria dele precisasse de "ajuda externa" (leia-se Deus), sua teoria seria "refugo".
(Criacionismo)
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