Já eram 9h da noite de sábado e fazia quinze dias que eu não via minha Rute, namorada há mais de quatro anos. Eu estava muito cansado, havia dado plantão no hospital em Santos, viajado à tarde e, apesar do sono e da chuva, resolvi atravessar a cidade de São Paulo para ver minha amada. Dei um jeito, achei tempo para vê-la e, fiz tudo de ônibus! É o amo-o-or!
Quando cheguei à porta da casa dela eu estava “encharcado”. Ao me atender envolveu-me por um abraço longo e gostoso. Ainda abraçados sussurrei bem ao seu ouvido: ai, que saudades!… como sinto falta desse seu abraço… Ela, meio lacrimejando, disse baixinho a coisa mais deliciosa de se ouvir: eu te amo!
- O que será que existe de mágico e de encanto no abraço, no beijo e no reencontro daqueles que se amam?
- Que nome se dá àquela sensação inebriante que acontece no corpo, na alma, enfim, em todo o ser, quando podemos matar as saudades depois de um longo tempo de separação?
Até hoje sinto essa coisa gostosa do abraço, depois de um dia inteiro sem nos vermos. Revigora, anima!
Interessante como uma das necessidades básicas do homem, do nascimento à morte está ligada a coisas tão simples e, desgraçadamente, tão raras: sentir-se amado e valorizado. O “abastecimento” deve ser diário, a partir de cada manhã.
E Deus, em Sua infinita sabedoria, escolheu a vida a dois para suprir essa necessidade de amar e ser valorizado de forma mútua.
Deus não escolheu a minha vizinha, nem a minha colega de trabalho, nem mesmo o pastor da minha igreja para suprir a minha carência diária. Portanto, em cada manhã, Rute acorda e tem uma responsabilidade e privilégio: fazer seu maridão, que sou eu, amado e valorizado.
Nosso dia-a-dia é muito corrido. Apesar de trabalharmos juntos no Reviver (nossa clínica), é muito comum passarmos o dia sem nos vermos. Só sei que ela está atendendo porque conheço o aroma gostoso do seu perfume.
Quando chega o dia da semana reservado para nós dois, nosso coração bate um pouco mais rápido, pois é dia de namorar. Saio às 8h da manhã e só paro às 16h. Começo, então, a me preparar: um banho demorado, uma roupa legal, perfume importado… E, lá pelas 20h saímos para passear.
É proibido falar de cliente, de filho, de parente, de doença. Conversamos sobre assuntos agradáveis, relaxamos e curtimos um ao outro.
Às vezes tenho que abrir mão de certos compromissos, mas geralmente só desmarcamos nosso encontro por algo muito emergencial, e aí vem aquela sensação ruim de perda do nosso momento especial a dois.
É verdade que, durante a semana também temos pequenos namoros no sofá ou, até mesmo, assistindo a um filme no quarto. Mas, a pessoas muito importantes temos que dedicar, pelo menos, uma noite especial!
Faz vinte e seis anos que, em cada mês de novembro, saímos sozinhos para viajar. Geralmente ficamos uma semana passeando e aí, a carência que, às vezes, não pôde ser suprida durante o ano, fica zerada.
Houve um período atípico, quando não conseguimos o sogro, nem sogra, nem parente ou amigo para ficar com os nossos quatro maravilhosos filhos. Então, Rute teve a brilhante idéia de levá-los conosco em nossa viagem de “lua de mel”.
Combinamos que chegando ao hotel ficaríamos em quartos separados, eles comeriam em mesas separadas e que faríamos de conta que não nos conhecíamos.
Para eles, naquela época, com seis, cinco, quatro e três anos foi um tremendo sacrifício, mas se saíram muito bem. Hoje, passados dezessete anos, eles ainda recordam daquela viagem como uma tremenda experiência!
É triste, mas real – muitos casamentos têm acabado devido à maldita frase: “não tenho tempo!”.
Às vezes fico filosofando: o mundo hoje está com 6,6 bilhões de habitantes. Deus me deu uma mulher, somente uma, para que eu a faça feliz. Se eu não conseguir “dar conta do recado” o mínimo que vão escrever na lápide do meu túmulo é: aqui jaz um incompetente!
Não importa quantos milhões e bilhões de reais possamos acumular, nem de quantas empresas fomos presidentes, nem quanto sucesso profissional alcançamos. A frase vai continuar a mesma: aqui jaz um incompetente! Vamos mudar esse epitáfio?
Se em cada manhã beijar minha esposa, separar tempo de qualidade para amá-la e ouvi-la de verdade, estar sempre atento para fazer um elogio, aí certamente em minha lápide vão poder colocar uma tremenda placa e escrever:
AQUI JAZ UM VITORIOSO!
Vou deixar aqui, um conselho médico para a saúde do seu casamento:
- Encontre sempre um tempo especial … PARA NAMORAR SEU CÔNJUGE. É isso que significa, na vida a dois, cem tempos para você!
Dr. William Feres – É médico endocrinologista. Casado com Rute, tem quatro filhos. É membro da Comunidade Água Viva em Curitiba e dirige o Centro Médico Reviver.
Este testemunho foi extraído da Revista Lar Cristão – Ano 13 – Número 49 – págs. 28 e 29.
Fonte: Revista Vida a Dois
(Esperança)
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