terça-feira, 22 de dezembro de 2009

2012: a ilusão da solução sem Deus

Reflexões sobre o filme 2012, um folheto entregue num posto de gasolina e meus tempos de teologia da libertação
Ontem à tarde eu retornava de Florianópolis para Palhoça com minha esposa. Resolvi seguir por um caminho alternativo e evitar, assim, a congestionada BR 101. De repente, me deparei com um posto de gasolina que oferecia ducha grátis e resolvi abastecer e lavar o carro ali. Quando fui pagar, aproveitei para deixar um folheto com o dono do estabelecimento. Quando ele leu a inscrição na capa – “Jesus voltará” –, fez uma pausa e depois me disse:

– Será que Ele vai voltar mesmo? O mundo está tão cheio de injustiças...

Respondi que é justamente por isso que Jesus vai voltar. O ser humano teve milênios de oportunidade e liberdade, e o que ficou claro é que sozinho não consegue resolver seus problemas.

Conversamos por mais alguns instantes e acabei deixando também um livro com aquele senhor, com o convite para que ele comparasse tudo com a Bíblia e buscasse nela as respostas para os dilemas da vida e a promessa feita por Aquele que não pode mentir: Jesus Cristo.

Ok, mas o que isso tem que ver com o filme 2012? Calma... Antes, quero voltar um pouco no tempo.

Quando eu era católico, em minha adolescência e juventude, alinhava-me e defendia com vigor a teologia da libertação. Sempre ouvia e lia na igreja a frase batida: “Temos que ajudar a implantar o reino de Deus na Terra.” Isso significava que devíamos lutar por justiça social e apoiar a igreja em sua “opção preferencial pelos pobres”. Nada de volta de Jesus. Nada de Nova Terra. A esperança estava em nossas mãos. Vi muitos de meus companheiros de caminhada abandonarem a fé, frustrados por não verem a utopia tornar-se realidade. Outros, sentindo-se vazios espiritualmente, abraçaram o movimento carismático, então visto por nós como algo alienante, uma religião meramente verticalista, sem engajamento nas causas sociais (se pudéssemos, naquela época, dar uma espiada no futuro, ficaríamos espantados com o advento dos padres cantores com discurso adocicado, imitando os trejeitos pentecostais).

O mundo era injusto e tínhamos que fazer alguma coisa – era nossa bandeira, e a desfraldávamos com sinceridade, cantando “somos gente nova vivendo a união, somos povo, semente da nova nação”. Mas o tempo passou. As injustiças só aumentaram. A distribuição de renda polarizou ainda mais a sociedade. Catástrofes, doenças, imoralidade e morte ajudam a compor esse triste quadro. E a utopia do reino? E nossa luta? Os guerreiros ficaram cansados. O discurso foi alterado. Perdeu-se o rumo.

E o filme 2012?

Trata-se de mais uma daquelas superproduções hollywoodianas feitas para arrecadar muito dinheiro nas bilheterias e locadoras. O pano de fundo é a “profecia” maia (já analisada aqui e aqui), segundo a qual uma catástrofe global porá fim à história humana.

Por algum motivo, os neutrinos irradiados pelo Sol começam a interagir com o interior da Terra (na verdade, neutrinos atravessam nosso planeta a todo momento, mas são inertes), superaquecendo o manto e causando atividade sísmica sem precedentes. Terremotos começam a ocorrer em todos os lugares, causando muita destruição. Como os cientistas já sabiam que isso iria acontecer, as nações mais ricas do planeta, lideradas (como sempre) pelos Estados Unidos, desenvolveram um plano de salvação: construir algumas “arcas” (grandes e poderosas embarcações) para nelas salvar animais, obras de arte e parte da humanidade – a parte mais inteligente e rica, evidentemente.

Embora o nome de Deus seja mencionado em vários momentos e até mesmo o presidente dos Estados Unidos seja visto orando na capela da Casa Branca, o que fica mesmo claro no filme é o abandono da humanidade por parte de “Deus”. As cenas que reforçam essa ideia não são nem mesmo sutis: (1) a destruição do Cristo Redentor por um tsunami gigantesco, (2) o desmoronamento da cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano, que cai sobre fieis que rezam com velas nas mãos (inclusive uma rachadura no teto da Capela Sistina separa as mãos de Deus e do homem na famosa pintura de Michelangelo), e (3) a morte de monges budistas atingidos no alto das montanhas por uma megainundação. Traduzindo: não adianta orar; "Deus" não vai ouvir; a salvação não virá dEle.

No posto de gasolina, nos meus tempos de católico e nesse novo filme arrasa quarteirão, pude notar a mesma propaganda do adversário de Deus: o Criador abandonou a humanidade e se não fizermos alguma coisa, estaremos fadados à extinção. Nada mais terrivelmente errado!

Deus não nos abandonou! O próprio cumprimento detalhado das profecias bíblicas deixa isso bem claro. Nosso Senhor anunciou tudo antes para que não ficássemos perplexos e perdêssemos a fé. Ele disse que não nos deixaria órfãos (João 14:18). Disse também que “sem Mim nada podeis fazer” (João 15:5), quanto mais salvar o mundo – e a nós mesmo do pecado.

A salvação virá não dos esforços humanos, por mais que certos filmes e visões teológicas distorcidas tentem afirmar o contrário. Não virá tampouco dos extraterrestres. A salvação virá dAquele que já pagou nosso resgate com a própria vida, há dois mil anos, e virá para buscar aqueles que livremente aceitarem o oferecimento da vida eterna. Aí, sim, será o fim das injustiças, da dor e da morte!

Michelson Borges

Em tempo: A despeito da balela dos neutrinos, uma coisa interessante o filme mostrou: certas condições catastróficas seriam capazes de fazer com que massas de água invadissem os continentes causando estragos incalculáveis. No mundo antediluviano, em que se crê que as montanhas não eram tão altas quanto as de hoje, haveria condições de a água cobrir toda a Terra, conforme o relato bíblico. Mas quer ver só? No filme, muita gente acredita. Da Bíblia, muita gente duvida...

Leia também: “O fim do mundo na capa de Veja” e conheça o site O Fim do Mundo

(Criacionismo)

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