Encontrei num sebo o ótimo livro O Ateísmo Moderno, de Georg Siegmund (Vozes), publicado em 1960. O autor faz uma viagem pela história, começando pelas primeiras manifestações tidas como ateístas, com o grego Epicuro, visitando depois grandes figuras como Kant, Hegel, Nietzsche e outros. A Revolução Francesa e o ateísmo russo também são analisados, entre outros temas. É uma grande obra que ajuda a entender a evolução do pensamento filosófico ocidental e as principais ideias que formam o arcabouço neoateu de nossos dias. Publicado há 50 anos, continua bem atual. Está sendo muito útil em minhas pesquisas sobre o neoateísmo, para a dissertação de mestrado em Teologia.
Cito aqui um trecho interessante, entre tantos: “Salta aos olhos o erro do racionalismo. Por um lado se admite que a existência de um Ser absolutamente necessário se prova partindo da experiência, mas depois se afirma que a absoluta necessidade é uma existência de meros conceitos. O argumento cosmológico [tudo o que teve um começo teve uma causa; o Universo teve um começo, portanto, teve uma causa] conclui da contingência das coisas existentes, para a existência de um Ser necessário como a causa das mesmas. Se as coisas realmente contingentes não existem por si mesmas, mas começaram a existir, devem, finalmente, depender de um Ser que exista por si mesmo e que, por conseguinte, não teve princípio, mas que é necessário. Logo, é evidente que a existência de um Ser necessário é demonstrável pela experiência, e não decorre de conceitos puros. (...) De modo algum é necessário que haja logo de início um conceito completo do objeto do conhecimento, para que se possa sequer falar de conhecimento. Instrumentos de pedra encontrados nas cavernas e armas dos homens da Idade de Pedra [sic] nos fornecem informes seguros de sua existência em termos remotos, ainda que não se achasse um esqueleto inteiro, que pudesse dar testemunho de sua configuração externa. Por isso é suficiente que, ao estudarmos a Criação, topemos com vestígios que nos deem notícia segura de Deus, ainda que com isso não se consiga um conceito completo dele mesmo” (p. 169, 170).
Cito aqui um trecho interessante, entre tantos: “Salta aos olhos o erro do racionalismo. Por um lado se admite que a existência de um Ser absolutamente necessário se prova partindo da experiência, mas depois se afirma que a absoluta necessidade é uma existência de meros conceitos. O argumento cosmológico [tudo o que teve um começo teve uma causa; o Universo teve um começo, portanto, teve uma causa] conclui da contingência das coisas existentes, para a existência de um Ser necessário como a causa das mesmas. Se as coisas realmente contingentes não existem por si mesmas, mas começaram a existir, devem, finalmente, depender de um Ser que exista por si mesmo e que, por conseguinte, não teve princípio, mas que é necessário. Logo, é evidente que a existência de um Ser necessário é demonstrável pela experiência, e não decorre de conceitos puros. (...) De modo algum é necessário que haja logo de início um conceito completo do objeto do conhecimento, para que se possa sequer falar de conhecimento. Instrumentos de pedra encontrados nas cavernas e armas dos homens da Idade de Pedra [sic] nos fornecem informes seguros de sua existência em termos remotos, ainda que não se achasse um esqueleto inteiro, que pudesse dar testemunho de sua configuração externa. Por isso é suficiente que, ao estudarmos a Criação, topemos com vestígios que nos deem notícia segura de Deus, ainda que com isso não se consiga um conceito completo dele mesmo” (p. 169, 170).
(Criacionismo)
0 comentários:
Postar um comentário