Tudo parecia perdido quando o número 119.104 foi tatuado em sua pele. Viktor Frankl, médico e psiquiatra austríaco de origem judaica, conheceu por dentro os horrores de Auschwitz e de outros campos de concentração do regime nazista.
Separado da família, destituído de sua profissão, desonrado na dignidade humana, foi numerado como um objeto qualquer. Sob trabalhos forçados e alimentação mínima, conheceu o significado da expressão farrapo humano.
Libertado no fim da guerra, Frankl revelou que nem a crueldade de seus carcereiros e muito menos as cercas foram capazes de aprisionar sua fé. A crença em um propósito superior o ajudou a conservar dentro de si uma direção para a vida quando nada fazia o menor sentido.
Ele testemunhou que as pessoas que cultivaram a sensibilidade espiritual e emocional suportaram melhor aquela trágica experiência do que outros de constituição física mais robusta. “Justamente para essas pessoas permanece aberta a possibilidade de se retirar daquele ambiente terrível para se refugiar num domínio de liberdade espiritual”, afirmou.
Você pode não ter enfrentado uma situação extrema. Porém, as pequenas tragédias do dia a dia, as desilusões de uma rotina que parece sem propósito são capazes de levar muitas pessoas a desejar a abreviação da própria existência. O que é sempre a pior escolha.
Lente divina – Há momentos de grande dor e ocasiões em que as feridas estão abertas. Elas não podem ser negadas. É impossível varrê-las para debaixo do tapete. Diante do inevitável, a saída mais sábia é colocar a vida transitória na perspectiva do que é eterno. Os olhos humanos só conseguem enxergar a real dimensão e propósito da vida com as lentes divinas.
Infelizmente, a visão espiritual debilitada pode aprisionar pessoas de grandes habilidades e talentos na cela escura da desesperança. Mas não precisa ser sempre assim. A missão de Jesus Cristo é destinada também a você. Ele disse: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Ele Me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele Me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor” (Lucas 4:18 e 19, NVI).
As palavras de Cristo não são apenas um discurso bonito. Elas inauguram Seu ministério terrestre marcado por ações poderosas. Foram proferidas em uma reunião de culto realizada no sábado (Lucas 4:16). O sábado foi um dia especial escolhido por Jesus para transformar a vida de pessoas com Seu toque restaurador. Por isso, é o dia da renovação espiritual.
Um homem paralítico havia trinta e oito anos se esparramava no chão à espera de um milagre. Foi num sábado que Cristo, atendendo ao desejo do enfermo, ordenou que se levantasse, pegasse a esteira onde estivera debruçado no longo infortúnio e caminhasse para uma vida de novas possibilidades (João 5:1-9). Um cego de nascença também passou a enxergar o brilho do Sol e a beleza da vida quando recebeu o toque de Cristo em um dia de sábado (João 9:1-41). Esses são apenas dois exemplos do dia escolhido por Cristo para dar o enfoque correto ao mandamento bíblico: “Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo” (Êxodo 20:8).
O sábado é uma janela aberta para o propósito divino em sua vida
Lembrar-se do sábado é não se esquecer do Criador que santificou esse dia (Êxodo 20:11). É lembrar-se de que esse Criador não está distante. Ele toca a existência, aponta o sentido e liberta a vida humana de sua realidade limitada para as infinitas possibilidades do encontro com o Eterno.
por Guilherme Silva
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