segunda-feira, 29 de junho de 2009

Michael Jackson e a efemeridade da vida

Ontem à noite, fiquei sabendo que o ídolo da música pop que marcou uma geração, Michael Jackson, havia morrido de parada cardíaca, aos 50 anos. É difícil conhecer um rapaz da minha geração que não tenha tentado (mesmo que escondido) imitar os passos de dança break do cantor. Jackson fez parte do "espírito" de uma época. Por isso, quando lemos esse tipo de notícia, levamos alguns instantes para assimilar. Mesmo não sendo admirador dele, é como se um pedacinho da gente tivesse morrido junto. Mas isso nos faz lembrar que a vida é assim mesmo: uma sucessão de pontos de luz mais ou menos brilhantes que vão se apagando à medida que o tempo passa.

Há 15 anos, senti algo parecido. Três amigos e eu embarcamos no ônibus que nos deixaria próximo à pensão (onde morávamos na época da faculdade). Ouvimos algumas moças falando algo sobre a morte do famoso corredor de Fórmula 1 Ayrton Senna. Era o dia 1º de maio de 1994 e havíamos participado de um retiro espiritual com os jovens da Igreja Adventista Central de Florianópolis. Durante aqueles três dias, tínhamos ficado alheios ao que se passava no mundo - e eu mais ainda, já que a Débora, então minha namorada, havia ido comigo. Naquele domingo, em nossos primeiros dias de namoro, o Brasil estava em transe e não sabíamos.

– O que vocês estão dizendo? – um dos meus amigos não se conteve e perguntou às moças.

– Vocês não sabem? O Senna bateu o carro e morreu.

O ídolo da nossa geração que levava o patriotismo dos brasileiros até as nuvens a cada corrida que vencia; o jovem corredor que tinha orgulho de passear com a bandeira nacional na pista de corrida; o Ayrton Senna do Brasil estava morto. O jovem campeão que tinha a vida pela frente não mais existia.

A vida é frágil e passageira, como bem descreve o salmista: “O ser humano é como um sopro; a sua vida é como a sombra que passa” (Salmo 144:4). Ou, nas palavras do filósofo e matemático Blaise Pascal, no livro Pensées: “Não existe nada mais real que isto, nada mais terrível. Por mais heróicos que sejamos, este é o fim que aguarda a vida mais nobre do mundo. Vamos refletir nisto e, então, dizer se não é indiscutível que não existe bem nesta vida. A não ser a esperança de outra; que somos felizes apenas na proporção em que nos aproximamos dela; e que, como não existem mais aflições para os que têm plena certeza da eternidade, não existe mais felicidade para os que não têm essa esperança.”

Senna e Jackson tinham tudo nesta vida, menos a própria vida, que não lhes pertencia. Embora a morte exista desde que o pecado entrou neste mundo, o ser humano nunca conseguiu acostumar-se a ela. Não fomos feitos para morrer, e nossa inconformidade com esse inimigo mostra isso. Tentamos ignorar essa triste realidade levando a vida sem pensar muito no fato de que o destino final de todos é a sepultura. Mas, quando alguém famoso ou muito próximo de nós deixa de existir, a vida nos joga no rosto essa crua realidade, chamando-nos mais uma vez à reflexão. Nesses momentos, entendemos que o que realmente importa são as pessoas, os relacionamentos e Deus. De uma hora para outra, tudo – formação acadêmica, status social, posses, fama – fica tão pequeno...

Michelson Borges

Leia também: "A música mais triste do mundo"


(Criacionismo)

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