sexta-feira, 11 de junho de 2010

Perguntas do pastor adventista ao relativista cristão

No ano passado, alguém, apresentando-se como professor universitário, enviou-me um e-mail. Na mensagem, falava de sua indignação após ter assistido a um vídeo que revelava a conversão de Valdir Brandt, ex-pastor luterano, ao adventismo. Brandt alegava ter finalmente encontrado a Verdade. Indignado, o professor dizia ser impossível extrair da Bíblia um sistema de verdade absoluto, uma vez que a Bíblia apenas aponta para a Verdade. Apenas Deus é a Verdade. Se alguém sente conforto neste ou naquele sistema doutrinário, tudo bem; mas nada confirma que qualquer doutrina seja mais ou menos verdadeira. O professor e eu mantivemos curto, mas intenso diálogo sobre o assunto. Por alguma razão, ele não voltou a me responder após eu ter-lhe enviado algumas perguntas. Disponibilizo minha argumentação. O segredo da apologia, como tenho percebido, consiste antes em fazer as perguntas corretas do que se apressar em tentar dar resposta às objeções.

Caríssimo,

Fiquei satisfeito em ver sua disposição. Percebo que você leu o que escrevi e parou para refletir. Também noto que você tem algumas ênfases curiosas. Pelo que percebi, a metáfora do dedo lhe é muito cara, porque você a usa para a Bíblia, mas também pensa em homens como Paulo, Lutero e outros como dedos que apontam para Cristo.

Bem, deixe-me fazer algumas perguntas. Meu objetivo com elas é entendê-lo melhor. Sinta-se livre para me responder como achar melhor:

1. Você afirma que Cristo é verdade. Mas por que Cristo e não Buda? Ou Maomé? Se a Bíblia é encarada como um dedo que aponta o caminho, mas não como Verdade Absoluta, o que a torna diferente de qualquer livro sagrado? Não seriam esses outros livros tão bons quanto a própria Bíblia? O que eles ensinam também não poderia ser entendido como outros dedos apontando para Deus?

2. Um mapa que não combine com o terreno seria necessário para quem já conhece o terreno? Se a Bíblia não é a Verdade Absoluta, alguém não poderia dizer que não precisa dela para crer em Deus, mas que já O conhece de alguma outra forma? Ou, pensando em outra direção: se eu li a Bíblia e já entendi que Jesus é o único caminho, será que já não conheço suficientemente o caminho para desprezar o mapa?

3. Se a queda abalou completamente o senso de reconhecer a Verdade, o argumento que você utiliza para afirmar que a Bíblia não é a Verdade Absoluta (e nem poderia sê-lo), não poderíamos afirmar que mesmo com a própria presença do Senhor Jesus sobre a Terra, ainda assim a mente humana não O reconheceria, por sua incapacidade? Em outros termos: os fariseus não estariam justificados por não aceitar o Salvador, uma vez que o pecado impede o reconhecimento da Verdade?

4. Se a Bíblia não é normativa no relacionamento com a pessoa de Jesus, então como o cristão deve abordar a ética? Cada um terá a liberdade de agir como quiser? Como Jesus poderá ser o caminho por onde eu siga, se não tenho acesso a Ele, senão pela Bíblia? Teríamos que admitir o que no lugar de um parâmetro? A intuição? O bom-senso? Algum tipo de revelação individual? A consciência do crente? Quão objetivos seriam esses parâmetros?

Enfim, amigo, creio que, para compreender melhor a sua posição, seria oportuno ler suas respostas às perguntas acima. Dou-lhe a liberdade de, caso for seu desejo, de me perguntar o que quiser. Na medida que o tempo me permitir, ficarei feliz em poder atendê-lo.

Cordialmente,

Pr. Douglas Reis

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