
Caríssimo,
Fiquei satisfeito em ver sua disposição. Percebo que você leu o que escrevi e parou para refletir. Também noto que você tem algumas ênfases curiosas. Pelo que percebi, a metáfora do dedo lhe é muito cara, porque você a usa para a Bíblia, mas também pensa em homens como Paulo, Lutero e outros como dedos que apontam para Cristo.
Bem, deixe-me fazer algumas perguntas. Meu objetivo com elas é entendê-lo melhor. Sinta-se livre para me responder como achar melhor:
1. Você afirma que Cristo é verdade. Mas por que Cristo e não Buda? Ou Maomé? Se a Bíblia é encarada como um dedo que aponta o caminho, mas não como Verdade Absoluta, o que a torna diferente de qualquer livro sagrado? Não seriam esses outros livros tão bons quanto a própria Bíblia? O que eles ensinam também não poderia ser entendido como outros dedos apontando para Deus?
2. Um mapa que não combine com o terreno seria necessário para quem já conhece o terreno? Se a Bíblia não é a Verdade Absoluta, alguém não poderia dizer que não precisa dela para crer em Deus, mas que já O conhece de alguma outra forma? Ou, pensando em outra direção: se eu li a Bíblia e já entendi que Jesus é o único caminho, será que já não conheço suficientemente o caminho para desprezar o mapa?
3. Se a queda abalou completamente o senso de reconhecer a Verdade, o argumento que você utiliza para afirmar que a Bíblia não é a Verdade Absoluta (e nem poderia sê-lo), não poderíamos afirmar que mesmo com a própria presença do Senhor Jesus sobre a Terra, ainda assim a mente humana não O reconheceria, por sua incapacidade? Em outros termos: os fariseus não estariam justificados por não aceitar o Salvador, uma vez que o pecado impede o reconhecimento da Verdade?
4. Se a Bíblia não é normativa no relacionamento com a pessoa de Jesus, então como o cristão deve abordar a ética? Cada um terá a liberdade de agir como quiser? Como Jesus poderá ser o caminho por onde eu siga, se não tenho acesso a Ele, senão pela Bíblia? Teríamos que admitir o que no lugar de um parâmetro? A intuição? O bom-senso? Algum tipo de revelação individual? A consciência do crente? Quão objetivos seriam esses parâmetros?
Enfim, amigo, creio que, para compreender melhor a sua posição, seria oportuno ler suas respostas às perguntas acima. Dou-lhe a liberdade de, caso for seu desejo, de me perguntar o que quiser. Na medida que o tempo me permitir, ficarei feliz em poder atendê-lo.
Cordialmente,
Pr. Douglas Reis
0 comentários:
Postar um comentário