quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ataque de Israel à frota de navios turcos mata ao menos dez e abre crise diplomática


Embarcações da organização Frota da Liberdade cruzavam águas internacionais

Ao menos dez pessoas morreram em um ataque de Israel ao grupo de navios da Frota da Liberdade, formada por seis navios que transportavam mais de 750 pessoas com ajuda humanitária para a região da faixa de Gaza, confirmaram nesta segunda-feira (31) fontes oficiais. O total de baixas pode aumentar, já que dezenas de pessoas – entre civis e militares – ficaram feridas na ação da Marinha de Israel. O incidente deu início a uma crise internacional entre Israel e outros países.

Segundo informações da agência de notícias Reuters, as embarcações levavam, além de voluntários, ativistas favoráveis à Palestina. Os navios estavam em águas internacionais, mas os israelenses mantêm a determinação de bloquear a faixa de Gaza para, de acordo com o governo, evitar que armamentos cheguem ao Hamas, grupo político radical da região. O governo da Turquia divulgou que a maioria dos ocupantes do navio era de mulheres, idosos e crianças.

Os motivos do ataque ainda não estão claros. Yanis Maistros, porta-voz em Atenas da seção grega da iniciativa humanitária, declarou à agência Efe que cinco navios foram sequestrados.

- Eles receberam disparos a partir de lanchas e helicópteros israelenses quando estavam navegando em águas internacionais, próximas ao litoral israelense.

Os israelenses se defendem, dizendo que apenas seguiram a ordem de manter fechada a faixa de Gaza, inclusive por vias marítimas. A proximidade dos navios do porto de Ashdod, ao sul do mar Mediterrâneo, teria ajudado a precipitar o ataque, afirmou a imprensa de Israel.

A Marinha de Israel teria enviado avisos de que a frota seria interceptada se seguisse em direção à faixa de Gaza, mas os turcos garantem que solicitaram a liberação dos barcos. Imagens divulgadas pela rede CNN mostram os israelenses abordando o grupo de embarcações com truculência, acusação que o governo nega. Facas teriam sido apontadas e usadas contra os marinheiros. O disparo de uma arma deu início ao confronto.

O ministro do Comércio Exterior israelense, Binyamin Ben-Eliezer, lamentou as baixas, mas disse que entendia a reação dos militares de seu país, supostamente ameaçados pelas pessoas que estavam nos navios.

- O momento em que alguém tenta tomar a sua arma é quando você começa a perder o controle.

A Turquia manifestou repúdio ao incidente, que abalou as relações de Israel com um de seus poucos aliados muçulmanos.

“Este incidente, que aconteceu em águas internacionais, abusando da lei internacional, terá consequências impossíveis de compensar”, atestou um comunicado divulgado pelo ministério turco de Assuntos Exteriores.

O embaixador israelense em Ancara, Gaby Levy, foi convocado para dar explicações. Nas ruas, centenas de turcos iniciaram protestos em frente à embaixada israelense, gritando palavras de ordem.

A gravidade da situação fez o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, cancelar a sua visita à América Latina para retornar a seu país, de acordo com informações da rede turca NTV. A preocupação sobre a nova crise no Oriente Médio também já chegou à Europa. A chefe de relações internacionais da União Europeia, Catherine Ashton, requisitou um “relatório completo” dos israelenses sobre o ataque.

Em solidariedade aos turcos, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, decretou três dias de luto nos territórios palestinos. Já o grupo dos Irmãos Muçulmanos no Egito pediu que todos os países árabes e muçulmanos cortem relações com Israel.

(R7)

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