sexta-feira, 15 de maio de 2009

Gleiser chutou o balde

Marcelo Gleiser chutou o balde mesmo (saiba por que aqui). Disse que "nossa geometria descreve aproximadamente as formas que vemos à nossa volta; esferas, quadrados, cubos, círculos, linhas". Um aluno do Ensino Médio talvez pudesse dizer isso. Mas alguém que faz curso superior, não. Além dos axiomas básicos da geometria e que a ideia de tais não é nada simples, há muitas formas complexas de geometria - muito utilizadas e trabalhadas na matemática -, mas pouquíssimo observadas no mundo real, como os espaços curvos e hiperbólicos. O que dizer, então, de uma geometria em R^n (lê-se como se o "n" fosse um expoente), no qual interagem dimensões que não podem ser observadas? E num curso de cálculo 4 e avançado no qual se veem funções em Rn, e domínios em Rn. E mesmo naqueles "espaços", não oculares, a geometria ainda trabalha, sobretudo uma geometria vetorial.

Matemática, sim, é uma invenção humana, pois se trata de uma linguagem; de modo de pensamento. Contudo, é uma ferramenta e analisa e estuda a lógica, os fatos, o verdadeiro, o transcendente, independente de uma pessoa ou outra. Logo, se a humanidade não existisse, ainda assim os fatos continuariam, 2 + 2 continuaria sendo 4, mesmo não havendo nenhum homem para verificar isso.

Matemática está longe de ser diminuída a algo que apenas descreve nossa realidade. Um simples conhecimento da História da Matemática permitiria verificar que no passado houve muitas descobertas matemáticas, porém, de fatos e comprovações ainda longe da realidade. Apenas muitos anos depois foram de fato utilizados de algum modo ou comprovados. Diga-se de passagem, os números complexos.

Se o Universo é regido por leis matemáticas e padrões de tais existe em praticamente tudo. Eles não passam a existir apenas quando o homem os observa, consegue escrever, formular e divulgar no meio acadêmico. O fato existe, está sempre ali, independentemente do homem. A matemática pura está universalmente presente, mesmo antes de o homem fazer contas. Dizer que ela apenas existe quando o homem a reconhece é no minimo um equivoco. Há ainda muita "matemática" lá fora, e aqui dentro, não a ser descoberta, reconhecida; que existe, independentemente do homem. Caso contrário, pararíamos por aqui, pois nada mais há a descobrir, não há mais matemática a se desenvolver; pois se ela é limitada ao homem, no momento, então, toda a matemática está descoberta.

Gleiser chutou o balde. Admitir que há uma regência matemática no Universo ficou dificil para ele, apesar de dizer: "Talvez mudem os símbolos, mas a essência dos resultados seria a mesma."

Por que isso intriga? Certamente, porque admitir que toda essa lógica exista como fruto de mero acaso, de um acidente, sem propósito, sem uma razão por detrás, sem "um músico que goste de compor músicas melodiosas e harmônicas", seja uma ousadia muito forte, que contraria toda a intuição matemática; e admitir seria contradizer sua religião, sua crença, sua fé - cega - de que Deus não existe e ponto.

(Evandro Costa de Oliveira, estudante de Matemática na USP)



Texto extraído do Site (Criacionismo)

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